Algumas sequências podem ser vistas sem você nem ter conhecimento sobre o filme que gerou a franquia. Outras são mais complexas… Na dúvida, demorei um pouco mais para escrever o texto, mas quis garantir que eu tivesse o que vocês precisam para conhecer essa franquia. Sim, FRANQUIA, pois além do primeiro filme de 2016, foi feita uma animação, “Estação para Seul”, que se passa antes dos acontecimentos de ambos os filmes.
Train to Busan” – “Invasão Zumbi” – foi um sucesso sul-coreano que merecidamente tomou o mundo de assalto em 2016. O filme tem Zumbis, acho importante deixar isso claro pois tem muita gente que se sente desconfortável com os mesmos (eu já fui uma dessas pessoas). Entretanto o diretor Sang-ho Yeon fez no original, um filme de suspense e tensão, mas acima de tudo sobre o comportamento humano. Foi um filme que surpreendeu e colocou a Coréia no mapa ocidental de filmes de horror, desastre e tensão, resultando na múltila premiação de “Parasita” no Oscar 2019. Mas, como talvez não seja só os Zumbis do título que não nos deixam confortáveis, sequências podem ser tão perigosas quanto eles com o poder de destruir ou não uma franquia. Mas o que fazemos quando a continuação é um filme completamente diferente do primeiro?
E esse é o principal ponto ao falarmos de “Península”, ele é uma continuação da história original mas ao mesmo tempo é um filme completamente novo. A história dá um salto de 4 anos, e ao invés de seguirmos os personagens do primeiro filme, somos transportados para a Coréia Pós- Apocalíptica completamente abandonada pelo resto do mundo e tentando sobreviver a infestação. Interessante como Sang-ho faz uma reversão do primeiro filme: ao invés de uma tentativa desesperada de fugir do perigo e achar uma área ainda tranquila, o segundo filme trata de uma expedição ao coração do perigo. O abandono, a desolação, a falta total de humanidade do lugar, que é apenas um “cemitério vivo”, ou seja cheio de Zumbis, trás a possibilidade para o diretor mudar seu estilo e criar um clima completamente diferente do filme original. E menos sutil, o que mostra o quanto a Coréia cresceu na indústria nesses anos, afinal fazer um filme de ação de uma maneira completamente Hollywoodiana é uma ousadia. E não podemos deixar de comparar essa questão com a situação de pandemia que vivemos agora: enquantos os EUA não conseguem controlar a situação, a Coréia do Sul deu um show de eficiência e controle, mostrando que não precisa mais da ajuda do ocidente.
Apesar do 2o. filme ser um filme de ação pós apocalipse e não ter a sutileza do primeiro, especialmente quando falamos de personagens, ele aborda aspectos de como as pessoas mantém seus laços e formam uma nova sociedade à partir dos escombros da anterior. As atuações, como no primeiro, são brilhantes, porém em um mundo mortal, se manter vivo é a única coisa que importa, e em “Península” os protagonistas são quase super-heróis, navegando as hordas de zumbis para atingir seus objetivos. Ou seja, deixam de lado a sutileza e o medo do primeiro, e até em vários momentos sua humanidade.
Enfim, o clima dos dois é muito diferente: enquanto o original é literalmente uma jornada para a segurança e pelas diferentes facetas dos seres humanos, o segundo é menos sutil. Se colocando de frente ao perigo, mostrando o que acontece com o ser humano quando a sua única razão para existir é a sobrevivência. O que não torna “Invasão Zumbi 2” um filme ruim, mas completamente diferente do primeiro em quase todos os sentidos. O que de novo me faz pensar sobre as questões reais que estamos enfrentando nos dias atuais, e essa jornada por esse ano de Pandemia, incluindo o comportamento humano, que talvez possa ser um pouco compreendido após a comparação de ambos os filmes.
Apesar de não ser do mesmo brilhantismo do primeiro filme (você pode conferir o “Train to Busain” na Netflix), “Invasão Zumbi 2: Península” é um filme que você também pode assistir solo se quiser assistir a um filme de ação diferente. “Península” estreou nos cinemas em 26/11 trazida pela Paris Filmes para o Brasil
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Sil