Beleza Negra: Uma Amizade Verdadeira

O livro Beleza Negra inspirou, desde 1917, várias versões cinematográficas sobre a história de um belíssimo mustangue. O livro homônimo escrito por Anna Sewell em 1877, em pleno período vitoriano é considerado o primeiro livro “autobiográfico” narrado por um animal e foi originalmente escrito para adultos, como um aviso aos maus tratos aos animais, no caso os cavalos. Lembrando que estamos falando de uma época onde a Indústria estava começando a surgir, os cavalos eram usados para todo tipo de trabalho que exigia força, especialmente nas áreas rurais. E, muitas vezes, esses cavalos eram mau-tratados por serem vistos não como animais, mas apenas como uma “ferramenta”.

Entretanto, o livro por sua história fantástica acabou sendo classificado como infantil, fazendo que então crianças desde cedo aprendesse a importância de cuidar de animais. E baseado nessa parte fundamental do livro, sobre bons tratos aos animais, mas também sobre a lição de empatia entre humanos, é que a Disney+ trouxe até nós mais uma versão do clássico. Só que  dessa vez com a voz de Kate Winslet como Beauty. Honestamente, eu não havia assistido a nenhuma versão anterior – pelo menos que eu me lembre – e também não sou a pessoa mais “natureza” do mundo, aliás já dormi em alguns filmes no estilo. Entretanto, o filme, narrado pelo ponto de vista de Kate, não me fez dormir, me deixou interessada e até escrevendo sobre o mesmo até de madrugada.

Jo, uma adolescente interpretada por Mackenzie Foy, fica órfã após um acidente de carro e é levada para morar com seu tio materno John, interpretado por Iain Glenn. E apesar de serem sangue, ela não considera ele “família” dela. E assim Beauty, acaba se afeiçoando a menina e tentando animá-la, afinal ambas perdem suas famílias e encontram dificuldades em serem compreendidas pelo mundo. Assim começa uma amizade entre Beauty e Jo, que eventualmente leva Jo e John a se entenderem e se tornarem uma família novamente.

O filme tem um cenário lindo e uma história, que apesar de ser triste e às vezes emocionalmente tensa, é voltada para o público infantil e com certeza entretém e emociona a todos. É uma pena que muitas críticas ao mesmo tenham sido por ele ser uma VERSÃO NOVA e fresca, de tantas outras versões. E muitas reclamaram que o filme não consegue trazer a profundidade do livro e acaba se tornando mais uma história de “jovem e cavalo”, um gênero muito comum nos EUA. Mas essas críticas são para mim de pessoas que não entenderam que o filme pode ser adaptado aos novos tempos, onde existem leis contra abusos aos animais e crescemos já aprendendo a respeitá-los. A versão é um conto é sobre família e como dona de dois gatos adotados me conectei com essa parte. Não é sobre o sentido tradicional de família, mas naquele sentido onde família é onde você se encontra e se sente seguro, e para mim por exemplo é ter minha gata deitada do meu lado quando estou com cólica que faz com que eu me sinta próxima aquele ser. E de uma certa forma acredito que é essa a mensagem que a Disney+ queria passar: animais são seres empáticos e formam laços com humanos.  E mais, ousarei dizer, eu não sei se essa é a primeira versão do filme onde Beauty é narrada por uma mulher, aliás por uma atriz premiada. E por consequência a relação das duas personagens é uma conexão, em que as duas dividem o mesmo espírito “mustangue selvagem”, como diria Beauty.

AH! E se vocês leram esse texto, prestem atenção ao final do filme onde uma bela homenagem à autora do livro, que não podia andar, é feita de uma forma bonita e delicada. O filme estréia hoje na Disney+.

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Beijos,

Sil